sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Dançar

Dançar é como crescer
Um processo lento, cheio de surpresas e lutas.
A realização de feitos que parecem
impossíveis de se concretizar.
Acrobacias que exigem muito mais que
horas de treinamento.
Que só a ousadia tem a capacidade de explicar.
Um constante aprendizado
para o qual nem sempre acham necessário nos preparar.
É preciso ter talento.
Saber misturar, em doses certas,
força e sensibilidade.
Conhecer limites e capacidades.
Sem temer fracassos.
Amar. Amar-se
Sem medos.
Corpo e mente em perfeita harmonia
Essa integração é o segredo da eterna liberdade,
que nos permite alcançar vôos muito, mas muito maiores.
Isto é Dançar!!

   


Jaaa eu, danço pra ficar mais perto de Deus

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Às vezes de noite


Às vezes, de noite,
acordo com muito medo
de alguém roubar os meus segredos,
às vezes, de noite.
Às vezes, de noite,
adormeço e no lume da vela
estou desperta e mais velha
às vezes, de noite.
Às vezes, de noite,
no meu sonho corre um rio
que me faz tremer de frio,
às vezes de noite.
Às vezes, de noite,
me digo que sou boa, que sou meiga e que sou bela.
E cresci. E estou cega.
Às vezes de noite.
Sérgio Caparelli

domingo, 10 de julho de 2011

Cordel Do Fogo Encantado



O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato
O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço
O amor comeu meus cartões de visita, o amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome
O amor comeu minhas roupas, meus lenços e minhas camisas, 
O amor comeu metros e metros de gravatas
O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus
O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos
O amor comeu minha paz e minha guerra, meu dia e minha noite, meu inverno e meu verão
Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça,
meu medo da morte


quinta-feira, 12 de maio de 2011

...

"...E ele foi embora se nem ao menos me dar a chance de dizer o meu valor..."


terça-feira, 3 de maio de 2011

Fizeram a gente acreditar.

Fizeram a gente acreditar que amor mesmo, amor pra valer, só acontece uma vez, geralmente antes dos 30 anos. Não contaram pra nós que amor não é acionado, nem chega com hora marcada. Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade. Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: a gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável. Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada "dois em um": duas pessoas pensando igual, agindo igual, que era isso que funcionava. Não nos contaram que isso tem nome: anulação. Que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável. Fizeram a gente acreditar que casamento é obrigatório e que desejos fora de hora devem ser reprimidos. Fizeram a gente acreditar que os bonitos e magros são mais amados, que os que transam pouco são confiáveis, e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto. Só não disseram que existe muito mais cabeça torta do que pé torto. Fizeram a gente acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade. Não nos contaram que estas fórmulas dão errado, frustram as pessoas, são alienantes, e que podemos tentar outras alternativas. Ah, também não contaram que ninguém vai contar isso tudo pra gente. Cada um vai ter que descobrir sozinho. E aí, quando você estiver muito apaixonado por você mesmo, vai poder ser muito feliz e se apaixonar por alguém.

domingo, 24 de abril de 2011

Quando me amei de verdade

Quando me amei de verdade,
pude compreender que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa.
Então, pude relaxar.

 Quando me amei de verdade,
pude perceber que o sofrimento emocional é sinal de que estou indo contra a minha verdade.

Quando me amei de verdade,
parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.

Quando me amei de verdade,
comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma coisa ou alguém que ainda não está preparado, inclusive eu mesmo.

Quando me amei de verdade,
comecei a me livrar de tudo o que não fosse saudável. Isso quer dizer: pessoas, tarefas, crenças e qualquer coisa que me pusesse pra baixo. Minha razão chamou isso de egoísmo.
Mas, hoje eu sei que é amor-próprio.

Quando me amei de verdade,
deixei de temer meu tempo livre e desisti de fazer planos. Hoje, acho o que acho certo e no meu próprio ritmo. Como isso é bom!

Quando me amei de verdade,
desisti de querer ter sempre razão e, com isso, errei muito menos vezes.

Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de me preocupar com o futuro. Isso me mantêm no presente, que é onde a vida acontece.

Quando me amei de verdade,
percebi que a minha mente pode me
atormentar e me decepcionar.
Mas, quando eu a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Amor e Sexo, Rita Le


Amor é um livro
Sexo é esporte
Sexo é escolha

Amor é sorte...
Amor é pensamento
Teorema
Amor é novela
Sexo é cinema..
Sexo é imaginação
Fantasia
Amor é prosa
Sexo é poesia...
O amor nos torna
Patéticos
Sexo é uma selva
De epiléticos...

Amor é cristão
Sexo é pagão
Amor é latifúndio
Sexo é invasão
Amor é divino
Sexo é animal
Amor é bossa nova
Sexo é carnaval
Oh! Oh! Uh!

Amor é para sempre
Sexo também
Sexo é do bom

Amor é do bem...
Amor sem sexo
É amizade

Sexo sem amor
É vontade...

Amor é um
Sexo é dois
Sexo antes

Amor depois...
Sexo vem dos outros
E vai embora
Amor vem de nós
E demora...


Amor é isso
Sexo é aquilo
E coisa e tal!
E tal e coisa!
Uh! Uh! Uh!

Ai o amor!
Hum! O sexo!

Demorô

Beijar na boca sem a mor é abismo  (eu adoro andar no abismo)
Ir ao trabalho sem amor é suicídio

Amor é doença e cura
mordida e antídoto

(Paulo Kauim)

terça-feira, 19 de abril de 2011

Eu não pedi pra nascer Facção Central

Minha mão pequena bate no vidro do carro
No braço se destacam as queimaduras de cigarro
A chuva forte ensopa a camisa, o short
Qualquer dia a pneumonia me faz tossir até a morte
Uma moeda, um passe me livra do inferno,
Me faz chegar em casa e não apanhar de fio de ferro
O meu playground não tem balança, escorregador
Só mãe vadia perguntando quanto você ganhou
Jogando na cara que tentou me abortar
Que tomou umas cinco injeções pra me tirar
Quando eu era nenê tento me vender uma pá de vez
Quase fui criado por um casal inglês
Olho roxo, escoriação, porra, que foi que eu fiz?
Pra em vez de tá brincando tá colecionando cicatriz
Porque não pensou antes de abrir as pernas,
Filho não nasce pra sofrer, não pede pra vir pra Terra.

Outro dia a infância dominou meu coração,
Gastei o dinheiro que eu ganhei com um album do Timão
Queria ser criança normal que ninguém pune,
Que pula amarelinha, joga bolinha de gude
Cansei de só olhar o parquinho ali perto,
Senti inveja dos moleque fazendo castelo
Foda-se se eu vou morrer por isso,
Obrigado meu Deus por um dia de sorriso
À noite as costas arderam no couro da cinta,
Tacou minha cabeça no chão
Batia, Batia, me fez engolir figurinha por figurinha
Espetou meu corpo inteiro com uma faca de cozinha
Olhei pro teto e vi as armas num pacote,
Subi na mesa, catei logo a Glock
Mãe, devia te matar, mas não sou igual você,
Em vez de me sujar com seu sangue eu prefiro morrer....

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Zeca Baleiro

Não creio em santos nem poetas ...
perguntei tanto e ninguém nunca respondeu
Quem saberá a cura do meu coração se não eu...


domingo, 10 de abril de 2011

CAUSA E EFEITO

A superação me emociona
Mas a apatia dos irmãos me decepciona
Vivemos da democracia que não funciona
Condição social que aprisiona

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Solidão





Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.

e que os santos me protejam!

domingo, 27 de março de 2011

Sem exagero

Talvez a solidão não seja assim tão triste ...
Deve ser apenas uma opção.

quarta-feira, 16 de março de 2011

And I dream

Sonhei que lutei, que tentei, que gritei.
Sonhei que gozei, que gostei, que amamentei,
Sonhei que amei.
Sonhei tanto que acordei.




sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Achar

"procurando o meu equilíbrio eu me desequilibrei
procurando a minha perdição eu me achei..."



paciência


Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não para

Enquanto o tempo acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora vou na valsa
A vida é tão rara

Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência
O mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós

Um pouco mais de paciência 

Será que é o tempo que lhe falta pra perceber 
Será que temos esse tempo pra perder
E quem quer saber 
A vida é tão rara (Tão rara)

Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma 
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma 
Eu sei, a vida não para (a vida não para não)

Será que é tempo que me falta pra perceber
Será que temos esse tempo pra perder 
E quem quer saber 
A vida é tão rara (tão rara)

Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma 
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma 
Eu sei ,a vida não para (a vida não para não... a vida não para)





terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Um diva chamada Lya Luft

"ARTE DA CELEBRAÇÃO ”

A passagem do ano não deveria pedir projetos ( e posteriores remorsos) , mais projetos ( e mais futuros arrependimentos ) , e sim , abrir a portinhola de algum alívio , alguma alegria . Mas talvez a gente goste de sofrer . Lembrei-me agora da deliciosa historinha do monge muito velho , quase centenário , que num remoto mosteiro pede a um monge bem moço que o ajude mais uma vez a ir à biblioteca que guarda preciosos alfarrábios . pela última vez , ele quer folhear uma enciclopédia ou ecíclica papal , algo assim – a princípio – , o moço não entende direito . O jovem monge instala , então o velhíssimo velhinho junto a uma mesa imensa , tudo lá é muito grande e muito antigo . mesa de carvalho , claro . É um aposento secreto no fundo da biblioteca , onde só os monges iniciados entram . O rapaz consegue o livrão , coloca-o na mesa diante do velhíssimo velhinho e sai, dizendo : ” Qualquer coisa , toque esta sineta que eu venho acudí-lo ” .
Passa-se o tempo , o jovem monge se distrai com seus afazeres , até que se lembra : e o ancião , como estará ? Preocupa-se com o longo silêncio – será que ele morreu ? Corre até o fundo da biblioteca , até a sala secreta , e encontra o velho monge batendo repetidamente a cabeça no tampo da mesa .
– Mestre , o que houve ? O senhor vai se machucar !
O monge centenário chora e repete certas palavras que o moço custa a entender :
– Imagine , imagine ! A palavra de ordem , a recomendação , a essência , não era ” celibate ” , mas ” celebrate ” !
Lógicamente , em inglês a coisa tem mais graça , mas mesmo quem lê aqui há de entender : desperdiçamos tempo , vida e energia sofrendo por bobagens , arruinando as alegrias , ignorando afetos , trabalhando mais do que seria necessário para a nossa dignidade , curtindo mais o negativo do que o positivo , quando afinal a ordem divina metafórica é que não precisamos fazer o sacrifício do celibato , mas celebrar a vida . Pessoalmente , sempre acreditei que a melhor homenagem que que se faz a uma divindade , se nela acreditamos , é celebrar – respeitando , amando , curtindo , cuidando – a vida , natureza , a arte , o enigma de tudo .
Mas nós , humanos , nem sempre espertos ( embora a gente se ache , e muito ) , em vez de celebrar a passagem de ano , passamos boa parte dela nos enrolando . As providências excessivas , as compras , as comidas , as dívidas em dezenas de prestações … os planos . Mas para que planos , quando o melhor é ter só um ? Ser mais feliz , mais alegre , mais amoroso , mais honrado , mais pacífico . Mas a gente coloca aspectos prosaicos da vida acima de tudo : perder 10 quilos , tratar melhor a sogra , ser menos puxa-saco da sogra , da cunhada , da nora , do patrão . Ganhar mais dinheiro , o que nem sempre representa a conquista da felicidade ou algo que o valha , e por aí vai .
Para um lado ou outro , para o sim ou para o não , nessa hora nos enchemos de preocupações , acumulamos propósitos , e nos amarguramos porque quase todos aqueles objetivos elencados na passagem do ano passado não foram cumpridos ( e ainda por cima a gente sabia que ia ser assim ) .
E daí ? E daí que poderíamos aproveitar o momento para pensar no que realmente vale a pena . E o que vale a pena , não importam a biografia ou a latitude , é celebrar . Para tanto , basta que sejamos , em casa , no trabalho , na escola um pouquinho mais agradáveis e menos tensos . E que , pelo menos , isso se manifeste na forma de um abraço vindo do fundo mais fundo do mais cansado – mas ainda amoroso e celebrante – coração .