domingo, 5 de maio de 2013

A capacidade de ver através da tigresa

Então mama, mama, a outra teta, puxa, o leite desce deslizando, e assim eu vou inchando. Ai, começa a sair até pelas minhas narinas, minha barriga está gemendo, nossa! outra teta, agora acho que vou estourar... queria cuspir tudo fora, mas essa aí parece ser tão louca, que mesmo se eu cuspinhar só um pouquinho de leite, ela vai ficar nervosa.Ah, muito bom! Acabou?Faço uma dobrinha, a tigresa se vira: outro tetaral! Parecia que estava em Xangai na linha de montagem: mama, mama até sair pelas orelhas... se eu soltar um arrotinho, estouro! Preciso manter as nádegas fechadas,apertadas, porque se eu tiver uma desinteria, lanço jatos e espirro o leite todo para fora... ela fica nervosa e me agarra, pensa que eu sou um biscoitinho, me molha no leite, e me devora vivo! Ufa, acabei, a tigresa me dá uma lambida, todos os olhos miram para o alto, até pareço um mandarim... ela dirige-se para o fundo, rebolando tranquilamente, se deita.Dorme. Embevecido, bêbado de leite, adormeço como uma criança... De manhã, acordo: o chão todo molhado! Se a tigresa percebe... Olho para o fundo da caverna:cadê? ... Não está... a tigresa não está.

-Dário Fo

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